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Silêncios

  • Jessica Marzo
  • 20 de mar. de 2023
  • 2 min de leitura

Atualizado: 12 de dez. de 2023

“Eu ia correndo à vida. Aos sete, a gente é assim. Pula de um doce para um brinquedo. De um brinquedo para uma tristeza. Tudo rápido, no demorado da infância.” (aos 7 e aos 40 – João Carrascoza)


É um livro sobre a infância e a maturidade, seus encontros, desencontros, saudades e caminhos. Eu me lembro pouco da minha infância. Queria tanto lembrar como foi aprender a ler. Vejo minha filha, hoje nesse percurso de aprendizagem, e vibro e sinto junto com ela, assim como senti com o personagem do livro as palavras aparecerem, pela primeira vez nos seus olhos. Ele não lê só as palavras, ele lê pessoas, natureza, silêncios.


O livro todinho tem silêncios narrados. Aos 7 e aos 40 anos. Eu fico realmente impressionada quando um escritor ou escritora consegue narrar silêncios. É de uma beleza tão grande. São diálogos cotidianos, banais acontecimentos esquecíveis, como o autor diz. Talvez por isso tenha gostado tanto do livro, porque ele é feito da simplicidade da vida, assim como essa que vivo e vivi da minha infância “deslembrada” . Achei que o livro tem algo da poesia de Manoel de Barros e da sensibilidade de Valer Hugo Mãe. Tão bonito


“os dois ficaram a sós.

O homem bebeu outro gole de cerveja e perguntou.

Como vão as coisas?

Ela respondeu

Indo,

O que pare ele soou como uma mágoa, embora fosse apenas uma constatação de que a vida era uma ordem.

E com você?, ela perguntou

Também... ele disse,

E da mesma forma, nessa resposta não havia queixa alguma, apenas a certeza de que o mundo prosseguia nele. O silencio se acendeu entre os dois. Mas o rumor da água na pia o apagou. “

(aos 7 e aos 40 – João Carrascoza)





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