Kafka à beira-mar
- Jessica Marzo
- 22 de jul. de 2021
- 1 min de leitura
Atualizado: 28 de jul. de 2021
Estou no Japão. Aqui tem-se o hábito de usar máscara muito antes do aparecimento do COVID. Mas não estou preocupada com isso, porque me encontro em um tempo que esse vírus ainda não existia. Já viajei de Tóquio a Takamatsu, não sei quantos quilômetros, mas fui de ônibus com o menino Tamura e de carona com o senhor Nakata. Descobri que conversar com gatos pode ser mais interessante que conversar com gente. Me deparei com figuras icônicas e hilárias no caminho. Até peixe eu vi cair do céu. Senti o vaporzinho do lámen entrar em minhas narinas. Acessei memórias na biblioteca Komura, busquei respostas isolada numa floresta. Integrei-me a Kafka à beira-mar numa coesão sem brechas.
"Mas se você começar a raciocinar desse jeito, Nakata, vai acabar concluindo que todos nós somos assim, um tanto vazios por dentro, compreende? A gente come, faz cocô, trabalha num servicinho chato em troca de um salário miserável, transa de vez em quando e é só, não é mesmo? Que tem para fazer além disso? E reclamando e lamentando, ainda assim vivemos e nos divertimos de algum modo, não é verdade? Não sei bem por quê… Meu avô costumava dizer sempre que a vida tem sua graça porque as coisas não saem do jeito que a gente quer." ( "Kafka à beira-mar" - Haruki Murakami)

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