Benzinho, Irene e Eu

- benzinho me ajuda a carregar as sacolas

- benzinho ajuda a recolher seus brinquedos do chão

- benzinho ajuda a tirar os pratos da mesa

- benzinho vai fazer seu dever de casa

benzinho, benzinho, benzinho....

A mãe do filme Benzinho, a Irene, sou eu quando grito com as crianças porque estou exausta.

A mãe do filme benzinho sou eu emocionada de ver o filho crescendo.

A mãe de benzinho sou eu curtindo a farra com a família e de repente: “ vamos logo, todo mundo, vamos arrumar isso tudo agora, porque não vai dar tempo. Vai levante logo daí, me ajuda”.

A mãe de benzinho sou eu mudando de opinião o tempo todo.

A mãe de benzinho sou eu torcendo contra e a favor.

A mãe de benzinho sou eu com fone de ouvido chamando os filhos pra dançar.

A mãe de benzinho sou eu chorando no chão da cozinha.

A mãe de benzinho sou eu descarregando em um a chateação com o outro.

Eu me vi em todas as falas e gestos da Irene (@karineteles – minha nova atriz preferida), desde os gritos de loucura e cansaço, até o sorriso desconfiado no canto da boca, o olhar de espera, o aplauso a um filho, pensando em outro. Quanta complexidade, ambivalência, força, fraqueza, cabe dentro de uma mulher?

O filme é de 2018 e não está no Netflix, mas vale a pena alugar no youtube por quatro reais. Fazia tempo que não via filme brasileiro e me lembrei do porque são os meus preferidos.

O cenário é todo nosso. A casa que se desfaz. A porta que emperra. O entrar pela janela. As rachaduras na parede. A irmã fazendo marmitas. As mulheres se protegendo contra a violência doméstica. O marido/pai amoroso e ausente. A falta de grana. A torneira quebrada. O vazamento. A entrega dos convites para a tão sonhada formatura realizada depois de quatro filhos. A visita cheia de carinho a patroa indiferente. O orgulho do diploma. A despedida de um filho que cresce e toma seu rumo. As memórias, as distâncias. O filme é de um tanto, é sobre nós. É todo nosso

Assistam Benzinho; é lindo lindo.