Na pandemia, a volta às aulas
- Jessica Marzo
- 5 de nov. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de nov. de 2020
Saltitando, cantando e colhendo flores pelo caminho hoje fizemos o caminho da escola. Chegando ao portão, ela diminuiu o passo, olhou de longe e viu Dora sua amiga, abriu o sorrisão e paralisou. “Se quiser pode ir lá dar um oi”. Ela foi, o portão estava aberto, e ela cruzou a linha que nos separa. Lá dentro existe um universo que extrapola os muros e paredes. Lá dentro é o conjunto de todas as coisas que existem no mundo. Lá dentro reúne quase que a totalidade dos habitantes de sua vida. Lá dentro dela estava um vazio, um buraco que agora aos poucos volta a ser preenchido.
Há sete meses ela esperava, sem previsão de retorno, a volta a à escola, ao espaço físico que ocupa um espaço simbólico grande dentro dela. Um lugar de criação, troca, disputa, escuta. Um lugar de brincar, negociar, ceder e brigar. Um lugar de formação e crescimento. Um lugar de vínculos, apegos, construção de laços afetivos. Um lugar de aprendizagem onde, por um período, acontecem as descobertas mais importantes da vida.
Ensino remoto nenhum neste mundo consegue captar a profundidade deste espaço. Ver shoppings, bares, hotéis, salões de beleza, parques aquáticos (com filas gigantescas) abrindo e escolas fechadas só refletem a sociedade doente em que vivemos.
“ O que deveria ter sido feito se o Brasil priorizasse a educação - e isso não quer dizer não se preocupar com as vidas - era abrir as escolas antes do comércio, como outros países. Às custas da educação, estados e municípios reabriram o comércio. Poderíamos, às custas do comércio, ter reaberto as escolas.“ A população brasileira valoriza a educação da boca para fora. Quando uma população pressiona para abertura de bares e shopping aí a verdadeira prioridade é revelada. O prejuízo para a educação desses seis meses vai ser muito profundo. (Priscila Cruz – link completo da entrevista: https://noticias.r7.com/.../pais-pagara-por-abrir-bar... )
Foto: Towfiqu Barbhulya

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