"Ela é fácil porque é pobre"

A frase mais comentada, justamente na semana do Dia da Mulher, foi vazada num áudio enviado por Arthur do Val (o 2º deputado mais votado com quase 500 mil votos), no grupo do Zap dos amigos do futebol. Pensei nos áudios de repostas dos brothers do fut. E nos outros 500 mil grupos onde rolam solto esse tipo de papo. HOMENS. Ricos, Pobres, Classe Média. De direita. De esquerda. Da tal terceira via. Em cima de suas SUVs, jogando as minas pra dentro do banco de couro. Ou no transporte público aproveitando o aperto para se esfregar nos corpos femininos.

“Ela é fácil porque é pobre.”

O MBL posicionou-se injustiçado com a possível cassação do deputado. Para eles outros erros que consideram mais graves sofreram menos punição. São machos, com toda a sua potência, e não conseguem acessar o tamanho da gravidade do “ela é fácil, porque é pobre”.

Um pensamento pactuado com outros tantos homens. Quantos homens não se reconhecem e naturalizam esse tipo de comportamento?

Dizem que hoje é dia da mulher, de todas: das fáceis, das que merecem ser estupradas, das que não podem decidir pelo aborto. Recebemos flores e chocolates dos homens em cargos de liderança que se recusam a pagar salários iguais as mulheres, dos maridos que chegam bêbados em casa e não compartilham os cuidados domésticos, do amante que espanca por amor, do agente público que vai até uma zona de conflito de guerra e manda áudio para os amigos dizendo que as mulheres são fáceis porque são pobres.

O MBL criou uma Academia que, segundo o próprio site, promete “formar as novas gerações de Kimes, Arthures, Rubinhos.”

Eles se reproduzem, criaram até um curso de formação. Enquanto eles (os machistas) existirem não haverá dia da mulher digno de ser comemorado.