"Backstreet Boys atiram cuecas para trintonas em show nostálgico em SP"

É o título da matéria publicada pela Folha de SP essa semana. Moro perto do estádio do Palmeiras e acho que só por isso fiquei sabendo do show. Letreiros na Avenida Sumaré alertavam o acontecimento e sugeriam desvio de rota.

- mas essa banda ainda existe?

Eu curtia os meninos, tive todos os CDs, pôster grudado na parede do quarto, foto colada em caderno da escola. Não me lembro quando foi que eles desapareceram da minha vida, mas sei que faz bastante tempo. Qual o rostinho dos meninos, agora com 40, 50 anos? Será que fazem dancinhas? Usam colete sem camisa, boné e regata de basquete?

Lembro de grudar na TV da sala com as amigas para ver o clipe novo passar. A revista Capricho com entrevista exclusiva e pôster da banda. Como é que não fiquei sabendo desse show histórico?

Estou tão distanciada musicalmente da menina de 15 anos que fui. A vida passou, a vida passa, nos apresenta novas trilhas, amores, e até jeitos diferentes de tietar. Abraço com carinho minhas lembranças porque quando a gente é nova é tudo tão bonito, encantado. Dá vontade de voltar pra sentir os fios arrepiar, o peito pular.

Dou um Google pra ver um trecho do show. Nenhum fio branco no cabelo dos “meninos” que balançam as mesmas coreografias de 20 anos atrás.

A performance segue igual, como se fosse possível reproduzir o calor que percorria nosso corpo com 15, 20 anos. Não, não é. Ouço as músicas e nenhum pelo do meu braço sobe. Assisto aos vídeos do show e tenho um encontro envergonhado comigo mesma.

Mesmo assim canto junto o “Everybody uhhh, rock your body yeahhh”. Viajo no tempo da distração, onde tudo e qualquer coisa é atração. Saudades? Sim. E um alívio grande de amadurecer longe de cuecas usadas, jogadas durante o show, por “meninos” de 50 anos.