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A coragem das crianças indigenas colombianas

  • Jessica Marzo
  • 27 de jun. de 2023
  • 2 min de leitura

- mãe, era uma vez uma família de indígenas que viajava num avião, quando de repente o avião caiu e as crianças não morreram. Acredita? Elas ficaram perdidas na floresta e não morreram. Essa história é de verdade?


Amora, minha filha de 4 anos, me contou essa história ontem a noite, no meio da bagunça de casa. Eu respondi que não conhecia. Todo dia depois da escola ela volta com o corpo desenhado de pinturas indígenas. Está imersa e muito interessada na vida dos povos indígenas.


Hoje, enquanto preparava o café da manhã, aumentei o volume do noticiário

“uma mensagem em espanhol, gravada pela avó de 4 crianças indígenas ecoou por dias na Amazonia Colombiana. A mensagem foi repetida em uitoto a etnia da família. A avó pedia que os irmãos se movessem, porque o exército os procurava, vítima de um acidente de avião, os irmãos estavam sozinhos em uma área inóspita com mata fechada, rios de forte correnteza, e um canion.” (Natuza Nery – o Assunto)


A história que a Amora me contou! Corri para contar a ela. Quatro irmãos, de 1, 4, 9 e 13 anos, sobreviveram a uma tragédia de avião. Os adultos, incluindo a mãe, morreram. As crianças passaram 40 dias sozinhas na floresta. Foram deixando objetos no caminho como mamadeira, fralda e frutas mordidas para que pudessem ser encontradas. A menina de 13 anos, a mais velha, provavelmente liderou o grupo e carregou o bebê no colo por um longo caminho.


Não consigo parar de pensar nessa menina, em sua força, maturidade, generosidade e no senso de coletividade. Em contraposição, lembrei da primeira cena do filme “Força Maior”, em que uma família sueca dentro de um restaurante envidraçado nos alpes suíço, se sente ameaçada por uma avalanche. O pai pega o celular e foge junto com as outras pessoas, enquanto a mãe cobre a cabeça das crianças e se abaixa junto com os filhos. Como o local é devidamente preparado, ninguém se fere com o deslizamento, mas a família se fere com a covardia do pai. Quantas pessoas que conheço, talvez tivesse a mesma atitude que este homem do filme? Será que ao nosso redor é mais comum encontrar pessoas como o personagem do filme ou como a menina indígena de 13 anos?


Essa história me toca de tantas formas, por serem crianças, por serem indígenas, por se protegerem entre si, por conhecerem os saberes da Floresta. Debaixo de chuvas torrenciais 16h por dia, animais predadores, insetos e falta de alimento, as quatro crianças sobrevieram. Se acolheram e se protegeram, apesar do acidente, apesar do luto, apesar de todas as adversidades. Tem tanta força e tanto ensinamentos nessa história. É tão bonito.


Ao serem encontradas a primeira coisa que disseram foi: “ Nossa mãe morreu, estamos com fome”






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