Meu livro: Vai a Pé, José?
- Jessica Marzo
- 7 de fev.
- 2 min de leitura
- Jé, e se a gente fizesse um livro sobre a cidade, a partir do olhar da criança? - sugeriu o ilustrador e amigo Leo Gibran.
Foi mais ou menos assim que o livro começou. Desliguei com Leo. Olhei pro papel em branco. Pensei num vídeo lindo, que havia assistido há quase 10 anos “caminhando com Tim Tim”. Lembrei de quando minha filha era bem pequena. Passear pelo bairro era o único jeito de acalmá-la.
O balanço do passo, cheiro da rua, barulho dos automóveis a sobreposição de cores. Um mundo novo, amplo e cheio de movimento. Ela observava tudinho.
E virou rotina. Pedrinhas no caminho. A caçamba sempre cheia. O som alto da academia. O paraciclo amarelo onde ela se pendurava. Amoreira as vezes carregada, outras não. O encontro com o Zé da Banca de Jornal e a Luziete que costumava fumar na porta do salão de cabelereiro. O olhar para aquilo que o poeta Manoel de Barros vai chamar de desimportâncias.
E foi assim, que me percebi integrada a paisagem. Ao lado das minhas filhas, nas nossas andanças distraídas, que eu (re)aprendi a ver o bairro, as pessoas e o entorno.
Geralmente, nós adultos caminhamos pra chegar. Chegar aonde afinal? Um dia Guimarães Rosa soprou em meu ouvido: "Eu atravesso as coisas – e no meio da travessia não vejo! – só estava era entretido na ideia dos lugares de saída e de chegada”
O livro “Vai a Pé, José” está quase pronto, o texto foi inspirado em muitos tempos e caminhos, assim como a narrativa visual, ilustrada lindamente pelo Leo Gibran.
Entre os quase 400 inscritos, esse projeto foi selecionado em 2º lugar pelo PROAC (programa de cultura do estão de São Paulo). Foi uma das maiores alegrias que tive como escritora.
E em breve nossas narrativas vão se cruzar com os caminhos de pequenos e grandes leitores e novas travessias surgirão desse encontro.

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