O adeus de Rita Lee
- Jessica Marzo
- 10 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
A ideia era escrever sobre Rita Lee, e acabei escrevendo sobre mim. Porque Rita, mora em mim, de muitas formas.
Rita é o nome da minha mãe. Rita, minha mãe, é fã de Rita Lee. Cresci escutando que pra não ficar por baixo é preciso botar as asas pra fora. Na adolescência as músicas ganharam novos significados, lembro da euforia que senti quando descobri o real significado de lança perfume e erva venenosa. Hummm então é isso!!
Aos 17 anos Rita cantou no meu ouvido que o “amor é divino, sexo é animal, amor é bossa nova, sexo é carnaval” Aiii aii, então é isso? (na época colei a letra dessa música no meu perfil do MSN).
Aos 22 anos mergulhada nos estudos de sociedade, briga de classe, eu cantava para os marcianos, alô alô ta cada vez mais down the high Society. É isso!
Rita traduziu na arte tudo o que me atravessava.
Em 2011, um ano antes de me casar, fui com o Hyam na virada cultural, última apresentação que Rita Lee fez em São Paulo. Criticou os políticos e o abandono que a cidade se encontrava. Um show gratuito, no palco da Júlio Prestes, no centrão de São Paulo. Vi de longe seus cabelos vermelhos. Emocionada cantei todas as músicas.
Comprei uma peruca vermelha e no carnaval de sampa, me visto de Rita, me sinto Rita. Percorro embriagada as largas avenidas de essepê cantando mamãe eu quero, mamãe eu quero.
Quando Ceci era pequena eu cantava “no escurinho do cinema” pra ela dormir, e baixinho, sem ainda saber falar o R, ela me acompanhava no refrão: “ que flaga, que flaga, que flaaaaaga, ouh ouh”. No puerpério da Amora, ganhei de presente a biografia da Rita. Enquanto amamentava, fui levada pra casa quatrocentona na Vila Mariana, e viajei na produção dos figurinos de shows, capa de discos e toda aquela vida pulsante da minha artista preferida.
Ela esteve em todas as fases da minha vida, e quando eu ando meio desligada, Rita Lee me lembra sempre do amor, da loucura e de ser feliz. “Eu não tenho hora pra morrer, por isso eu sonho”. Rita está aqui, ali em qualquer lugar. Um brinde, dos mais loucos, a vida dessa mulher.

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