Não somos mais namorados
- Jessica Marzo
- 14 de jun. de 2023
- 1 min de leitura
Abri as redes sociais e me dei conta que hoje é dia dos namorados.
Nunca mais comemoramos esse dia aqui em casa. E não foi algo acordado, aconteceu. O dia 12 começou a passar batido, sem que nos déssemos conta. Não nos pertence mais esse lugar de namoro.
As vezes eu procuro, quero reviver, mas aí me lembro que tudo é um viver único, sem repetição. Namorar é esperar uma mensagem, um telefonema. É só querer estar junto e não se importar com todo o resto. É empenhar-se em inspirar amor a alguém galantear, cortejar (palavras do dicionário). Não, não vou me enganar. Nada disso mais nos pertence.
O tempo, o teto, as preocupações compartilhadas e o excesso de intimidade nos jogou pra longe desse estado. Ele já segurou meu cabelo para eu vomitar, assistiu meus ataques de loucura e esteve ao meu lado em dois puerpérios. Ele conhece minhas fraquezas, e as vezes até lê meus pensamentos. E eu penso coisa ruim. E as vezes sou uma farsa, ele sabe disso. Estamos vulnerabilizados um ao outro. Namoros não suportam a isso e nem alguns casamentos. Porque é difícil amar alguém com tantos defeitos, manias, medos e mentiras. E sim, temos que assumir somos feitos também do que não presta, e é tão difícil ver isso na gente, imagina no outro.
Eu acho o amor lindo, revolucionário, por isso penso e escrevo sobre ele. Não posso me enganar e dizer que seguimos namorando depois de 16 anos. É outra coisa que eu ainda não encontrei palavras, definições, mas sigo tentando entender que forças são essas que nos mantém juntos.

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