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No Instagram eu sou o que quero ser

  • Jessica Marzo
  • 7 de abr. de 2019
  • 1 min de leitura

Atualizado: 24 de nov. de 2020

Eu sou dona da minha história. Eu conto quem eu sou, e então passo a ser quem eu digo que sou. Assim me torno matéria. A mente pode criar, é livre, infinita. Nosso corpo finito, mortal. A realidade determina o que não posso ser. É nesse duelo, nessa balança entre a mente de infinitas possibilidades versus um corpo sólido, limitado, que construo minha identidade.


Eu sou uma invenção. Me invento, me modifico, me moldo. Respondo as normas, regras, a moralidade. Me extravio, embriago, transgrido. Reinvento. Eu sou uma criação, quase sempre equivocada. A realidade determina o que não posso ser. Meu corpo finito, pesa.


No Instagram, facebook, eu sou a potência máxima do que quero ser. Não tem corpo que pesa. É um oceano de possibilidades. Eu escolho que parte de mim vou postar. Eu conto a minha história. Eu sou essa história. É esse o meu perfil. Não peço dinheiro emprestado. Não como enlatado. Não acordo com ramelas.


Estamos doentes. Por que estamos viciados em mentiras? Precisamos desligar isso.


Ilustração: Anna Machart

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