Minha bebê e seus quase dois anos.
- Jessica Marzo
- 30 de out. de 2020
- 1 min de leitura
Atualizado: 24 de nov. de 2020
Bebê é toque, cheiro, suor. O colo é sua casa, o aconchego a proteção. A voz suave, exausta, raivosa é guia de suas emoções. Bebê imita a mãe, o pai, a irmã, o cachorro. Reproduz movimentos, gestos, olhares, a tristeza, o amor, a raiva, a gratidão. Bebê é espelho. Sem falar reverbera palavras claras, ilumina verdades escuras. Bebê invade o corpo da mãe e faz dele seu mundo. Navega pela alma perdida, vazia, sofrida, aprendida, transformada e se choca com a multiplicidade de seres complexos, incoerentes, fortes, frágeis, amáveis. Bebê manifesta com o corpo, grita, esperneia, se joga, sorri, gargalha, abraça com a intensidade de todo o hoje. Bebê é presente, desconhece o amanhã, não guarda vida, é convocação para o agora.
Eu mãe estou ligada em seu corpo, gostoso, cheiroso, delicado. Eu mãe estou encontrada em seu tempo atemporal. Eu mãe estou encantada com sua graça, espontaneidade, sabedoria. Eu mãe estou presa neste bebê grande, a caminho dos dois anos. Um bebe-criança, muito em breve uma pequena criança.
Ilustração: Jill Kimura

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