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Meu avesso

  • Jessica Marzo
  • 18 de jun. de 2020
  • 1 min de leitura

Atualizado: 24 de nov. de 2020

Em julho de 2015 nascemos, filha e mãe. Eu fogo, pari água. No meu colo estável, equilibrado, há cinco anos eu carrego ela dramática que sente, que chora, que grita, que denuncia. Apresento meu mundo colorido, bonito, ingênuo, ela, desconfiada, se protege das não verdades.

E no meu viver distraído, desligado, desatento, ela, rigorosa, me aponta os detalhes, desvira as pontinhas do tapete e fecha as frestinhas dos armários, que deixo um pouco aberto. Ela exigente, muito segura em bancar seus quereres, eu condescendente. Bem eu, que passei a vida fugindo de qualquer conflito, hoje vivo com ela corajosa, que está sempre pronta para enfrentar todas as brigas. Ela, vaidosa, que dorme vestida de princesa, eu, prática, que vivo de coque no cabelo. Ela que me inspira. Meu avesso, meu oposto, minha transformação.


Ilustração: Pez (Pierre–Yves Riveau), Nantes, França.

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