Literatura para bebês
- Jessica Marzo
- 3 de abr. de 2023
- 2 min de leitura
O II Simpósio de Literatura de Berço, me levou para lugares tão bonitos. Fiquei com saudade de ter bebê em casa. Logo que a Ceci nasceu, eu lia em voz alta pra ela, todo tipo de livro, inclusive o meu livro de cabeceira. A entonação da voz, o olhar, as palavras novas, tudo é repertório e interação. Desde sempre entrego os livros pra elas, não só os de plásticos ou de pano, os livros de papel mesmo. Para manusear, cheirar, sentir, abrir, fechar, virar e ir entrando em contato com esse objeto-portal que muda tudo, dentro e fora da gente.
Depois de um puerpério tenebroso e enfiado na toca, eu queria sair, passear, ver gente, conversar. Não sabia aonde ir com um bebê tão pequeno. Fui apresentada ao Literatura de Berço, um projeto lindo em que mães com bebês bem pequenos se reuniam pra ler, conversar, cantar e se aconchegar. Foi tão importante aquele espaço pra mim. Voltei 3 anos depois, quando a Amora nasceu.
Hoje no Simpósio vi o auditório lotado de escritoras, editoras, educadoras, contadoras de histórias e apaixonadas por literatura. O livro não precisa tocar música, falar, piscar, ter texturas, não precisa ser um brinquedo. Os bebês se interessam pelos livros, se nós mediadores nos interessamos. E é tão bonita a troca e a interação com os bebês quando temos um livro no meio desse encontro.
Minha filha mais velha está alfabetizando, ainda leio junto com ela, mas sei que em pouquíssimo tempo sairei desse meio de campo que fiz por tantos anos com muita paixão. Nunca foi só pra ela que eu li, é pra mim também. Porque os livros que lemos juntas não são bobos, tolos, simplórios. Eles são complexos, divertidos, poéticos assim como são as crianças. Manoel de Barros me contou que as palavras não foram castigadas pela ordem natural das coisas, elas vivem de deslimites. Acho que isso acontece com os bebês e as crianças também.

ilustração: Loreto Salinas
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