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De mãe para mãe

  • Jessica Marzo
  • 15 de set. de 2017
  • 2 min de leitura

- Ixiii! Tem dois risquinhos aqui. Caramba, é isso mesmo? Vou repetir esse exame. Tem dois risquinhos de novo. Coração acelera. Calma, respira fundo. Melhor fazer o de sangue. Espera, espera e espera. Deu positivo. Vou ser mãe, e agora?

Tem mulher que chora, tem aquelas que gritam, outras xingam, tem algumas que conseguem continuar trabalhando normalmente. Para cada mãe uma reação, para todas uma emoção.

- Vou ser mãe! Eu, mãe? Como vai ser? O que vai mudar? Por onde começar? Será que é menino? Menina? Será que está bem? Que nome vai ter?

A cada ultrassom uma nova descoberta. Tem mãe que chora, tem mãe que ri sem parar, tem outras que acham estranho e que não consegue ver nada naquela tela escura. Cada uma tem sua forma própria de se relacionar com aquele bebezinho, que cresce dentro de si.

- Mexeu! Vem sentir, põe a mão aqui! Não, não é gases; está mexendo. Não esta sentindo, né? É que esta bem suave.

E a partir daquele dia, mãe e bebê começam a se comunicar. É deitada na cama, no ônibus, no banheiro, numa reunião de trabalho. Você se dá conta de que nunca mais está sozinha. Ele chuta, cotovela, soluça. Têm mulheres que cantam, outras que narram tudo a volta, algumas preferem meditar, mas acho que a grande maioria apenas coloca a mão na barriga para sentir e ser sentida

- Olha como essa barriga está enorme. Não tenho mais posição de noite. Vou toda hora ao banheiro. Falta pouco!

E aí você olha para o varal cheio de roupinhas pequenininhas e pensa na vida que foi e na vida que vai ser. Tem mãe que já começa a ter saudades das baladas, viagens... Outras já imaginam a casa cheia de brinquedos.

E com o bebê nos braços você abre a porta de casa. Tem mãe que paralisa na porta e chora um choro profundo. Tem mãe que entra, que nem furacão, apresenta todos os cômodos para o bebê. Tem mãe que apenas entra, coloca o bebê no berço e vai tomar um banho. E, a partir deste dia, todas as mães, não importa a personalidade, classe social ou nacionalidade, todas essas mães se entregarão a esses bebês e serão tudo na vida deles.

E toda a vez que uma mãe cruzar com outra mãe, os olhares de cumplicidade aproximarão essas mulheres, que, por mais diferentes que sejam, estarão unidas pela experiência que é a de ser mãe, de ver a vida transformada para receber e se doar de forma irracional, subjetiva e mágica.



Ilustração: Ramshackle Glam

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