top of page

A espera da irmã

  • Jessica Marzo
  • 1 de ago. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de nov. de 2020

Ela vem chegando e felizes vamos esperando. A barriga cresce, os movimentos se intensificam e vamos nos comunicando, ela lá dentro, a gente aqui fora. Recebo sorrisos gratuitos por onde passo. E um cuidado e generosidade que me faz sentir acolhida em qualquer lugar. Meu corpo pesa, minha cabeça voa, minha alma flutua.


Acho uma lindeza a reação das crianças pequenas quando vou buscar Ceci na escola. Tem criança que pergunta se tem bebê aqui dentro, coloca a mãozinha no meu vestido pra levantar e ver o que as roupas escondem. Tem criança que abraça, faz carinho, que conversa e me diz que também tem um bebe dentro de sua barriga. Tem criança que pede pra comprar um bebê e colocar dentro da barriga!!!


Quando contamos para a Ceci sobre a chegada de uma irmã ela pareceu não ter dado muita bola, ouviu e continuou pedindo que a balançássemos bem alto. No dia seguinte, quando fui busca-la na escola, todos já sabiam da novidade, pois a pequena contou bem entusiasmada para todas sobre o bebê que estava na minha barriga.


Aos poucos estamos construindo junto com ela essa ideia de ter uma irmã e da chegada de um bebê para a nossa família. Ela tem reagido sempre de forma muito carinhosa. De vez em quando faz carinho na barriga, abraça, beija. Quando vai falar da nossa família, a Amorinha (como ela a chama a futura irmã) está sempre incluída.

- Mamãe, eu quero que a Amorinha durma no meu quarto - Mas Ceci, ela vai nascer bem pequeninha, vai acordar chorando no meio da noite, vai precisar mamar. É melhor, por enquanto, ela dormir em outro quarto, para não atrapalhar seu soninho - Mas mamãe, e se ele estiver chorando é porque quer dormir comigo?


Ceci parece estar cheia de amor, carinho e disponível para a irmã. Ela quer que a Amorinha sente ao seu lado na mesa pra comer, ela quer ir fazendo carinho em sua mãozinha no carro, ela está criando uma infinidade de situações. Assim como idealizei a Ceci, ela está idealizando sua irmã. É fofo, é lindo? Sim, mas como mãe de segunda viagem, aprendi que o que nasce é o bebê real, e não o bebê ideal.


E como mãe de duas, agora, estou descobrindo que além de controlar as minhas expectativas, vou ter que ajudar Ceci com as suas e com as minhas próprias expectativas nessa relação de irmãs que vai nascer junto com a nossa bebê.


Há três anos estou me construindo e descobrindo como mãe, mas que mãe eu serei nessa mediação entre irmãs eu não faço ideia. Qual meu papel, meus limites, minha força, minha influência neste convívio e nesta relação?


Enfim Amorinha, estamos te esperando, para que você nos ajude a responder algumas perguntas, mas que principalmente levante mais e mais questões sobre a interessante arte que é viver, dividir, somar e se relacionar.



Ilustração: autoria não encontrada

Commenti


Se quiser falar comigo sobre qualquer coisa me manda um e-mail :)
jemarzo@hotmail.com

bottom of page