A arte de contar histórias
- Jessica Marzo
- 10 de mai. de 2019
- 1 min de leitura
Sempre amei ler histórias. Quando fui trabalhar com educação me encantei ao ouvir histórias. Depois que minha primeira filha nasceu, tive que inventar histórias. Uma noite, tentando faze-la dormir ela me disse: “Mamãe, quero dormir com meu pai, pois ele tem mais histórias dentro do corpo dele”. Ufa, que aliviou pensei na hora, me livrei de faze-la dormir. Confesso que fazer dormir nunca foi meu forte, e quando estou nessa função não vejo a hora de terminar.
Deitei e pensei na frase que ela me disse, e aí fiquei frustrada. Como assim, eu que gosto tanto de histórias, não tenho histórias dentro de mim? E me dei conta de que não tenho presença nesse momento de dormir. Quando conto uma história, é porque quero que ela durma logo e não porque quero de fato contar uma história.
Coloquei minha segunda filha pequena embaixo do braço fui tentar aprender a contar histórias. Em um curso profundo mergulhei na arte de narrar histórias. Ouvi contos lindíssimos, compreendi técnicas importantes, conheci pessoas e trajetórias incríveis e tive que mergulhar para dentro de mim em cada história que escolhia contar.
Acessei minhas feridas e alegrias. Questionei meus valores, me joguei para dentro de mim sem medo e encontrei as histórias que podia e queria contar. Não sei ainda se aprendi a contar histórias, mas compreendi que é preciso entrega, escuta e sensibilidade para que elas avancem nas profundezas de nossa alma e então transbordem pelo nosso corpo.
ilustração: André Neves
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